sábado, 25 de junho de 2011

UM NOVO RUANDA, HOJE...





Vi um filme. 
Interiorizei imagens. 
Li em diagonal. 
Construí um Ruanda...


E será que é mesmo o que imaginei?...
O que lhe aconteceu depois?


( Fronteira no Lago Kivu)


O Ruanda está localizado na Região dos Grandes Lagos da África centro-oriental. Próximo da Linha do Equador, o clima é temperado fresco, devido à sua altitude. É constituído principalmente por planaltos gramíneos e colinas suaves. A abundante vida selvagem, incluindo os raros gorilas-das-montanhas, deu origem a um turismo que é um dos maiores sectores da economia do país.



( Cemitério das vítimas do genocídio de 1994)

(Deslocados no Ruanda - 1994)


(A retirada dos capacetes azuis - 1994)


O Ruanda recebeu uma atenção internacional considerável devido ao genocídio ocorrido em 1994. Desde então, o país viveu uma grande recuperação social e, hoje em dia, apresenta um modelo de desenvolvimento que é considerado exemplar para " um país em desenvolvimento". Inclusivamente, em 2009, foi considerado pela CNN como tendo a história de maior sucesso do Continente Africano, ao alcançar estabilidade, crescimento da economia e integração internacional.



(Planaltos e colinas no Ruanda)

(Gorilas-das- montanhas - Ruanda)



(Ruanda)

A capital, Kigali, é a primeira cidade africana a ser galardoada com o "Habitat Scroll of Honor Award" em reconhecimento pela sua "limpeza, segurança e conservação do modelo urbano".

Em 2008, o Ruanda tornou-se o primeiro país a eleger uma legislatura nacional na qual a maioria dos membros era formada por mulheres.

Como pode mudar tudo: o país, a economia, o estado social e, quem sabe, as mentalidades?!...

Afinal, o Ruanda até parece ter condições para não ser um dos países mais pobres. Quem sabe não pode ser mesmo um exemplo?!... E um sinal de esperança... não fossem as graves violações dos direitos humanos e limitações à liberdade individual.

É assim que, o General Romeu Dallaire que comandava as tropas da ONU, diz que a maneira de erradicar o ódio em qualquer ponto do Mundo só pode acontecer de uma única forma: Trabalhando contra a pobreza, na defesa dos direitos humanos e fazendo com que " como o século XX foi o século dos genocídios, seja o século XXI o século da humanidade".





(Texto adaptado e Imagens retiradas da NET)




sexta-feira, 24 de junho de 2011

CAÇA DOS TUTSIS - RUANDA

.

(Genocídio no Ruanda, 1994 - Foto da NET)


Passa da uma. Já todos dormem. O sono não vem. Carrego no botão. Sou apanhada por uma representação fantástica e um realismo arrepiante e assombroso. No final, compreendo a razão. Parte das filmagens foram feitas por repórteres da BBC em 1994. O "realismo" de muitas das cenas, era a própria realidade...

África __ cadinho de riquezas, tesouros, possibilidades, promessas. Destino de sonho, quantas vezes tornado pesadelo.

1994. Ruanda. Um dos países mais pobres de África e do Mundo. País onde a miséria, as divergências políticas e a corrupção fizeram vir a cima o ódio tribal. Negros... A mesma cor... Uns "Hutu" os outros "Tutsis".

Gente negra contra gente da mesma cor. Uns "Hutu", outros "Tutsis"...

Chacina brutal. Sentimentos animalescos à solta. As catanas, as macetas, tudo quanto ferisse e matasse foi usado para abater um nome : "Tutsi"!

A crueldade e o sofrimento eram tal que não me foi possível desviar a atenção. Até onde se consegue chegar!...E não se tratava de pura ficção.

Naquele Abril, o grau de violência chegou a um ponto tal que os soldados da ONU receberam ordens para retirarem do território, deixando os refugiados Tutsis à mercê dos seus carrascos que, por todo o lado gritavam, assobiavam e ululavam ameaçadores e desejosos de passar as ténues barreiras que os capacetes azuis lhes impunham pela força das armas.


(Grupo maioritário Hutu; grupo minoritário Tutsi - Foto NET)



Com é possível tanta frieza e insensibilidade generalizada?!...


Estava do lado de cá do ecrã. Senti-me num mundo à parte. Se não tivesse estado em África, diria: __" Onde estão as oportunidades, as riquezas e possibilidades de um dos Continentes mais promissores do Globo Terrestre? A verdade, é que, em muitos casos, só alguns sabem. Sem dúvida, há também áreas imensas terríveis, desérticas, desprovidas de água; desprovidas de tudo. o que não acontece em parte no Ruanda... Mas é possível que, o nome de uma etnia, justifique tamanha carnificina?
.
Dei comigo a pensar: __"A Europa é velhinha, não tem riquezas naturais, não tem promessas, brechas há que se vão abrindo aqui e ali. Também já houve "etnias" como os "arianos" e os "judeus"; exterminações brutais, em massa, em nome da "purificação da raça"; ou em nome de regionalismos; ou na imposição de ditaduras; ou no combate a essas mesmas ditaduras... Atrocidades incontáveis e inconfessáveis. Mas, hoje, quando se mata usam-se bombas, armas de fogo... Parece terrível de se dizer!...
.
.
(Foto retirada da NET)

.
Ali, no Ruanda, no mês de Abril e no extremo do desespero, houve quem implorasse aos capacetes azuis que batiam em retirada, perante o olhar atento, agitado e de ódio de uma turba da etnia hutu que antecipava o momento de avançar para o outro lado da barreira:

__" Matem-nos com as vossas armas, por favor..."
__" Não!"
__" Por favor... Matem-nos"
__" Não!
__" Então, só as crianças, apenas elas... Matem-nas com as vossas armas que são de fogo."
__" Não! "


(Ruanda, 1994 - Foto retirada da NET)
.

Assim que os camiões com os últimos brancos desapareceram no meio da poeira da estrada, os gritos, os assobios e o ulular dos Hutu intensificaram-se e avançaram as catanas, as macetas e os paus. Os Tutsis foram chacinados e esquartejados, e as crianças não foram mortas com as armas de fogo dos capacetes azuis...


(Estima-se que foram mortas cerca de um milhão de pessoas, a maior parte da etnia minotária "Tutsi". Muitas das mulheres que sobreviveram, foram violadas e os filhos que nasceram após os nove meses... chacinados).



.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

ENTARDECER

.
.
.
(S. Domingos de Rana - Foto tirada em Junho de 2011)


Nas asas de uma pomba, 
bate ágil a liberdade.
Agora, ao final da tarde,
pendurada num fio,
com o seu arrulhar,
anuncia o terminar de mais um dia.
É a noite morna que chega, 

no princípio do Verão.
.
.


"Hoje eu não queria partir,
queria ficar ...
... ver o sol se por mais uma vez,
... ver o vento soprar,
... ver a chuva cair,
... ver o que não vi, o que não vivi
... ver o que quero ver de novo
... ver o que vi e não contemplei
... ver o sol nascer... de novo

Hoje eu não quero partir
quero ficar..."

(Poema de Arturo Argelin)



segunda-feira, 20 de junho de 2011

QUIOSQUES E SEUS PARES




(Quinta da Palmeiras, Oeiras - Maio de 2011)


Eram verdes; cúpulas redondas e terminadas em pontas afiladas; janelas abertas aos quatro pontos cardeais. Esperavam fregueses rotineiros e passantes curiosos ou apressados. Ofereciam as notícias da véspera, da madrugada, do próprio dia, do acontecimento ou do escândalo.
.
Os jornais cuidadosamente enfileirados __ o "Diário de Notícias", o "Expresso"... e uma infinidade de revistas __ o último grito; a fofoca; as notícias de guerra, do descontentamento, da alegria e do "jet set" nacional e internacional...
.
...E a "Maria", e a "Burda", e a "National Geographic"... Os maços de tabaco que ainda não procuravam assustar com o "O tabaco mata"... E os brinquedos para a pequenada... Os isqueiros "Bic" para os fumadores... As pastilhas elásticas...
.
Ainda os há aí, por Lisboa ou até mesmo em Carcavelos. Alguns bem conservados. Mas "outros quiosques" de outro tipo apareceram. Já não vendem jornais , nem cromos para coleccionar... Já não são ponto de encontro dos vizinhos do bairro, com as notícias fresquinhas trazidas pelo Sr. Manel da barbearia; pela D.ª Glória do talho ou o Ricardinho da mercearia...
.
... São bonitos, elegantes, verdes, com uma cúpula redonda e afilada na ponta. Podem estar à saída de um centro comercial... mas estão sós e acenam com uma das marcas dos séculos XX e XXI - a PUBLICIDADE. São um apelo aos desejos, às necessidades, às vaidades ou aos prazeres de cada transeúnte que passa. Procuram ir ao encontro do "se se usa também uso", "está fora do meu alcance, mas quem me impede de sonhar?!...". Só que não se conhece quem a lá pôs, não se conhece o verdadeiro intuito... Quantas vezes não passa despercebida na azáfama do dia de quem passa. Nem ninguém pergunta: __"Sabe da última...?!..."; __"A D.ª Josefina, já está melhorzinha?..."



.

sábado, 18 de junho de 2011

REBELVA / CASCAIS - "MENSAGEIROS DA PAZ, INDIFERENÇA OU INQUIETUDE..."

.


 
Hoje, são as suas asas cinzentas, as suas cabecitas curiosas, os seus bicos ternurentos e irrequietos que ocupam lugares que um dia foram de homens e mulheres "bons" ou "maus"; "apaixonados" ou "indiferentes"; crentes numa vida além da morte ou em que tudo o que se tem é o momento presente.
.
.

.
O tempo deu-lhes asas. Deixou-as voar. Agora viajam sobre o tempo. Saltitam entre as telhas, sobre as pedras que o tempo descarnou. Arrulhando em namoricos descomprometidos, chamam a atenção de quem passa para o tempo de outros tempos...

.
.
.
Quem aqui viveu? Quem aqui nasceu? Quem aqui morreu? Que histórias de vida guardam estas pedras que teimam em resistir, estes caixilhos desgastados, estas paredes desbotadas, e parcialmente desfeitas?!...

.
.
.

Paredes que guardam histórias. Histórias de vidas vazias, cheias de nada, sem objectivos traçados, simplesmente lançadas à passagem do tempo.

Histórias de gentes valorosas, que se embrenharam em grandes ou pequenas coisas, "certas" ou "erradas"... as possíveis do e no tempo que foi o seu.

Histórias que ficaram perdidas no tempo ou retidas na memória de quem ainda as conhece. Histórias de quem imagina o que poderá ter existido por trás das suas ruinas.
.

"Desintegração da Persistência da Memória", de Dalí. Quadro que dentro de todas as limitações procurei reproduzir a pedido insistente do meu filho. "Desintegrar" um muro pedra a pedra não me foi fácil. Precisei da mão da mestra. Levei tempo e paciência...

Mas, aqui, fi-lo com a rapidez de um "clic". Captei integralmente isso mesmo __ A "Desintegração da Persistência da Memória" __ tudo tem um fim e, enquanto alguma coisa resta, fica a marca da sua passagem por insípida ou breve que seja.
.
.

.
.
Está aqui a importância de HOJE: "hoje"o tempo que nos resta para termos a lembrança de nós e dos que vivem connosco o nosso tempo e a nossa memória... Até porque, bem ou mal, somos também nós quem o faz!


(Rebelva - Fotografias tiradas em Junho 2011)


.