domingo, 27 de novembro de 2011

A CADEIRA

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(Foto tirada em Dezembro 2011)



Encostada à parede do quarto, a cadeira espera...

Espera os corpos que nela se hão-de sentar.
Espera o amparo que há-de dar aos momentos de dúvida...
Espera a partilha nos momentos de alegria,
ou o conforto nos momentos de dor.

Encostada à parede do quarto, a cadeira espera...

Espera ir para o seu lugar.
Espera ficar onde permanecerá,
Para ao longo dos anos acompanhar quem nela se sentar.

Encostada à parede do quarto, a cadeira espera...

Bonita?!... Feia?!... Pouco importa.
Faz parte da história de um lar.
Coisas boas... Coisas más...
Espera o tempo que há-de vir.
Espera o desfilar da vida, das conversas, dos pensamentos e dos momentos vazios.

Encostada à parede do quarto, a cadeira espera...

Espera que alguém recoste as costas no seu espaldar.
Espera que alguém espere o tempo passar.
Espera que alguém nela sinta o que lhe vai na alma:
O prazer de ouvir;
O gozo de ler;
O conforto da conversa;
e o descortinar de verdades.

Encostada à parede do quarto, a cadeira espera...

Espera que, nos hoje ainda jovens,
o tempo rasgue, nos seus rostos e nos seus corpos,
o lavrar de uma história ainda por desvendar.

Encostada à parede do quarto, a cadeira espera...

Bonita, feia?!... Isso, agora, pouco importa.
O tempo passará...
Oferecer-nos-ás o teu assento, o teu espaldar...
Ficarás no meio da sala.
Conhecerás os meandros da casa.
Conhecerás os seus segredos;
As suas cumplicidades e brincadeiras;
Os seus desapontamentos e alegrias...
Tudo aquilo que uma cadeira pode suportar.

Encostada à parede do quarto, a cadeira espera...
Mas, no centro da sala, a cadeira vai ficar!...





sexta-feira, 25 de novembro de 2011

PLANTA PEQUENINA CRESCE SEM PRESSAS

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Planta pequenina que do teu berço vais crescendo,

espreitando a luz, e lançando as tuas folhas.

Os teus raminhos tenros vais fazendo esticar fugindo da terra.

Terra que agarras com as tuas raizes.

Cresce, cresce.

Mas, não tenhas pressa!...






Planta pequenina, quem és tu?

Apenas igual a todas as tuas irmãs,

que ombreiam contigo em alvéolos como os das colmeias.

Vais crescendo, sim.

Mas, não tenhas pressa!...



Planta pequenina, que serás tu?!...


Vais crescer...

Vais crescer muito, muito, muito...

Ou ficar assim?!... Assim, tão pequenina?...




Talvez um dia te encontrem na beira de um caminho...

Alargando teus ramos,

Em abraço protector contra o calor do Sol.

Talvez um dia te vejam na borda de um canteiro,

Libertando o teu aroma...

Planta de aroma.

Aroma que, depois de transformado,


Aparece em frasquinho de perfume de mulher.





Planta pequenina...

Grande ou pequena te farás.

Dar-nos-ás o ar que respiramos,

O verde que nos apraz,

E a flor que nos seduz.

Vai. Cresce. Cresce.

Mas, não tenhas pressa!...








Planta pequenina...

Cresce bem no teu berço,

Vai alongando os teus caules,

aprofundando as raízes

e florescendo os teus rebentos.

Espreguiça o teu corpo.

Bebe a água que te alimenta.

Pois breve, breve sairás do teu ninho.

Alguém te escolherá.

Alguém te levará.

Vais crescer longe daí,

Mas perto do coração de quem te vai querer.


PLanta pequenina...

Cresce, cresce.

Mas, não tenhas pressa!...

Haverá sempre quem possa cuidar de ti.




(As árvores são as Plantas do Fogo)

(Fotos tiradas em Julho 2011 - "Viveiro Planta Viva")





sexta-feira, 18 de novembro de 2011

ALGURES EM PORTUGAL - DO JURÁSSICO AO CONTEMPORÂNEO

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As cicas (Ciccas) são sempre contemporâneas...

Sempre tropicais...

Sempre actuais...


Viram correr "Tiranossauros" atrás das suas presas, "Braquissauros" devorarem tudo quanto era planta no seu caminho e "Aqueopterixes" fazerem os seus voos como sendo as aves mais antigas que se conheceram na Terra. Hoje, vêem-nos a deambular pelos jardins ou espreitam-nos dos nossos vasos e jardins tal como o poderiam ter feito há milhões de anos atrás se nós lá tivessemos estado...


Este exército de Cicas é originário da Costa Rica. Foram especialmente preparadas para atravessar fronteiras. Podem reproduzir-se por sementes só que há plantas macho e plantas fêmea. Para além disso, a sua germinação pode levar anos. Mais fácil, mais fácil, foi retirar os seus rebentos laterais e prepará-los para irem além fronteiras. Foram todos limpos de folhas e de raizes. Foi-lhes retirada toda a terra que se lhes pudesse estar agarrada, foram cuidadosamente limpas... Nada de parasitas, nada de nada... Só mesmo o tronco. E pronto... prontas para a viagem...

Atravessam oceanos e voltam a ser colocadas na terra... Aí formam um exército de primas das do Jurássico. As folhas vão-se começando a dar a conhecer, as raizes desenvolvem-se e aí temos as nossa companheiras contemperâneas do tempo dos dinossauros!











E aí estão elas!...
Lindas e prontas para nos acompanhar ao longo dos anos.

De quem virão a ser contemporâneas, quando nós partirmos?




(Fotos tiradas em Julho de 2011, No viveiro "Planta Viva")




terça-feira, 15 de novembro de 2011

"Graffiti" EM CASCAIS

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Oh, gentes...
Oh, vós...
Vós que passaides,
Que olhais as paredes.
São muros, são casas, são escombros em abandono...
São muros , são casas, são restos decadentes...







Grito o grito do desespero na cidade...
Grito o grito do anseio de liberdade...
Grito o grito da chamada de atenção,
Da liberdade de expressão,
Da revolta de jovens com sentimentos de exclusão...
Grito a mudança do mundo próximo,
Grito o desejo de ideal...
Até mesmo expressão daquilo que de feio se torna belo.







Rabisco a cidade...
Aponto "caminhos"...
Mascaro o que resta, se desfaz e se esbroa...
Disparo o "spray" ainda que o não deva.
Desvirtuo o que antes se fez...
Puro divertimento?!...
Vandalismo do que não é meu?!...
Gosto do risco ?!...
Interfiro na estética?!...
Seja o que for, grito a minha mensagem...









É grito que deixo...
É grito que é mudo...
É grito que mexe o olhar de quem vê.
É risco, é mancha... letra, palavra...
Marco presença no espaço de todos...
Bem ou mal existo...
No desleixo que nos deixa ficar p'ra trás.






(Fotos tiradas em Cascais - Novembro 2011)




(Grafite ( "Graffiti" do Italiano) são inscrições feitas em paredes desde o Império Romano. Actualmente, já é considerado uma forma de expressão incluída no âmbito das artes visuais, mais especificamente na Arte Urbana __ em que o artista aproveita os espaços públicos criando uma linguagem intencional para interferir na cidade.)


(Informação retirada da NET)




domingo, 13 de novembro de 2011

PINTANDO A VIDA

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(Foto do Bob - Novembro 2011)


Bob, Bobi, bichano, Zita, Ronrom, Baba, "sem nome", a lista é infinda... São também estes companheiros que nos ajudam a cantar e a pintar uma vida mais alegre.
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Não sou pintora nem me atrevo a mencioná-lo... mas tenho o enorme prazer de pegar num pincel e ir derramando tinta sobre tela vendo aparecer imagens, ideias, sentimentos, cor e ainda a alegria da partilha de algo que ficará para além de nós.

"Toda a arte é autobiográfica e nela reflectimos a nossa maneira de ser, cantando ou pintando". Dizer que o que pinto é arte é de grande pretensão. Mas, que reflecte o que sinto, às vezes, é verdade.


Segundo Dale Carnegie: "Somos aquilo que as experiências, o meio e a hereditariedade fizeram de nós. Para nosso bem ou para nosso mal devemos cultivar o nosso pequeno jardim. Para nosso bem ou nosso mal, teremos que tocar o nosso pequeno instrumento na orquesta da vida."


Bem ou mal todos nós pintamos a nossa vida à medida que o tempo passa, fazemos soar os seus acordes em melodias variadas. São quadros em que esboçamos: Cenas alegres ou tristes, explosivas ou melancólicas, agitadas ou tranquilas e tantas e tantas outras, acompanhadas das cantigas que conseguimos cantar.

Em certas alturas, o pincel flui com uma ligeireza e a alegria que torna os nossos dias felizes, vivos, produtivos, coloridos com todos os matizes que vamos encontrando nos pedacinhos de cor que nos salpicam ou vamos encontrando em volta __ são as gentes que nos são queridas e que nos ajudam a dar sentido à vida que pintamos; é tudo aquilo de que gostamos e vai dando sabor e cor aos vários momentos que delineamos e de que vamos aprendendo a desfrutar e a agarrar... se tivermos arte para isso!

Mas há "os outros momentos"... Os momentos em que os borrões se sucedem, em que o pincel não é firme, treme, esborrata e a música desafina. Tudo parece negro. Ondas de cinza, antracite, rios de tons que não se distinguem, mancham a nossa pintura, tornam-na obscura, confusa, difusa... um buraco sem fundo, um labirinto sem saída. Os ouvidos doridos das notas que silvam... Aí, por mais artistas que sejamos, é difícil encontrar uma solução. Mas há sempre uma mão que nos pode dar um toque, um "clic" que nos abre a luz, um trautear que nos enche o espírito, o pincel que de novo começa a correr, que encontra soluções e que deposita as cores de esperança em novas saídas, as cores de uma nova alegria reencontrada, a leveza do sentimento que voltamos a deixar fluir no pincel e no trautear da canção o que nos deixa voltar a reflectir o que somos na vida que vamos pintando. Sim... Aí somos verdadeiros artistas!...



(Foto retirada da NET)

Tal como uma criança, aprendemos a pegar num pincel todos os dias,
 para repintarmos a vida...



sábado, 5 de novembro de 2011

MURRO NA MESA...




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(Imagem retirada da NET)



Desde pequena que ouço dizerem-nos: " Quando achares que alguma coisa não está certa, serra os dentes, dá um murro na mesa, e segue em frente __ firme e sem medo."


Hoje, penso que, por vezes, até é preciso "virar a mesa". Só que há várias formas de o fazer: com impulsividade, zanga, tolerância, compreensão, dignidade, inteligência, bom senso e tantas outras. Cabe-nos a nós e à nossa capacidade, saber fazê-lo da melhor forma... 

Quando a razão o justifica e "viramos a mesa", poderá ser bom não só para nós...






sexta-feira, 4 de novembro de 2011

FOLHAS DE OUTONO

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Timidamente chegou o Outono



(...)

"Não faltará muito para que as folhas

iniciem o processo, de mudar de cor,

num espectáculo para olhos etéreos,

revelando-nos a face da Natureza."

(...)


(Retirado de um poema de Jorge Humberto ,2008)






Folhas amarelas, rubras e castanhas,
O vento fresco que se insinua através das vestes,
Os dias que se anunciam curtos,
A chuva que nos cai sem aviso,
As castanhas que surgem nas bancas.

O tempo mudou.
É o ciclo da vida.
Breve, breve...
está aí o Natal e a seguir a Primavera.


(Imagens retiradas da NET)




quinta-feira, 3 de novembro de 2011

DESILUSÃO


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Desilusão...
A espera do que não vem.
A palavra por dizer.
O dito que não se quer.
O gesto que tarda.
O desejo frustrado.
A esperança gorada.
O querer não entendido.
O reconhecimento esquecido.
A expectativa fracassada.

Será que tudo isto não chega?
Será que é justo somar?
Será que o seu peso vale?
E "auto-estima"?!...
O que é isso? Onde está?...

Desilusão talvez...
Mas a "balança" que diga da sua justa medida.
Desilusão talvez...
E depois qu'é dela? Que vale repisá-la?
Desilusão talvez...
Palavra que se faz espuma e se sopra desfeita.
Palavra que espera ainda que se não saiba se vai chegar.
Palavra que custa mas que se pode passar.
Palavra que se pode enfrentar...
Palavra que nos obriga a crescer, aceitar e perdoar...



Se fui desilusão para alguém?!... Sem dúvida que o fui. Um projecto de vida que apenas existiu em parte. Expectativas que se esfumaram no tempo.

Se fiquei desiludida?!... Também. E, quantas vezes, a minha "balança" não se conseguiu equilibrar...

Se facilmente consigo "passar além"?!... Nem sempre. Confesso.

Mas é uma conquista quando digo e sinto: "Deixa... Que peso tem isso?..."




(Foto retirada da NET)

terça-feira, 1 de novembro de 2011

QUE O BEIJO DURE...


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Que o beijo dure,
a força e o sentimento que o incentivam.
Doce afago, lábios fogosos,
suave toque que a alma amansa.

Beijo,
essa forma de dizer te quero, perdoa, aconchega-me...
Que o beijo dure,
permaneça preso do amor por ti.


(Malay - 2011)




("O beijo" de Auguste Rodin - 1887)


("O beijo" de Gustav Klimt - 1907/08)


(...)

"Calma,
tudo está em calma,
deixa que o beijo dure,
deixa que o tempo cure,
deixa que a alma
tenha a mesma idade
que a idade do céu..."


(Extracto do poema de Jorge Drexler e imagens retiradas da NET)
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