.
.
.
Encostada à parede do quarto, a cadeira espera...
Espera os corpos que nela se hão-de sentar.
Espera o amparo que há-de dar aos momentos de dúvida...
Espera a partilha nos momentos de alegria,
ou o conforto nos momentos de dor.
Encostada à parede do quarto, a cadeira espera...
Espera ir para o seu lugar.
Espera ficar onde permanecerá,
Para ao longo dos anos acompanhar quem nela se sentar.
Encostada à parede do quarto, a cadeira espera...
Bonita?!... Feia?!... Pouco importa.
Faz parte da história de um lar.
Coisas boas... Coisas más...
Espera o tempo que há-de vir.
Espera o desfilar da vida, das conversas, dos pensamentos e dos momentos vazios.
Encostada à parede do quarto, a cadeira espera...
Espera que alguém recoste as costas no seu espaldar.
Espera que alguém espere o tempo passar.
Espera que alguém nela sinta o que lhe vai na alma:
O prazer de ouvir;
O gozo de ler;
O conforto da conversa;
e o descortinar de verdades.
Encostada à parede do quarto, a cadeira espera...
Espera que, nos hoje ainda jovens,
o tempo rasgue, nos seus rostos e nos seus corpos,
o lavrar de uma história ainda por desvendar.
Encostada à parede do quarto, a cadeira espera...
Bonita, feia?!... Isso, agora, pouco importa.
O tempo passará...
Oferecer-nos-ás o teu assento, o teu espaldar...
Ficarás no meio da sala.
Conhecerás os meandros da casa.
Conhecerás os seus segredos;
As suas cumplicidades e brincadeiras;
Os seus desapontamentos e alegrias...
Tudo aquilo que uma cadeira pode suportar.
Encostada à parede do quarto, a cadeira espera...
Mas, no centro da sala, a cadeira vai ficar!...