Éramos pequenitos __ 5,6 anos. A casa de um só piso térreo estava envolta por um pequeno paraíso: havia o espaço onde construímos com o nosso pai uma pequena horta com as cenouras que mal deixávamos crescer ou lavar para as poder comer; os limoeiros aos quais subíamos para apanhar os limões que adoçávamos com o açúcar que trazíamos em pacotes de papel pardo que íamos buscar à mercearia do senhor António; o galinheiro onde tínhamos as galinhas que eram parte da família tal como a nossa pequena cadelita...
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Mas... mágica, mágica... era a nossa árvore imensa que chegava ao telhado e foi palco de muita fantasia. Tinha uma copa frondosa com ramos grossos dos quais pendiam duas cordas que suspendiam uma tábua __ era o nosso baloiço!...
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Aqui, os baloiços são diferentes. Servem a miúdos e a graúdos. São estudados, feitos cálculos quanto aos materias adequados, quanto à sua resistência, quanto à mecânica dos equipamentos. São feitos estudos ergonómicos e arquitectónicos... Tudo pensado numa dinâmica urbana. O cinzento, a pedra, a madeira, o metal. O ângulo certo, a altura devida, o número de argolas, as estacas...
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Nestes baloiços não há improvisos. Servem para a pequenada do número 10 do 4º direito e do 5º esquerdo se juntar rodando pelos aparelhos que estão dispersos de forma agradável num parque que se disponibiliza para todos. Sim... porque, durante o fim-de-semana, os pais ou a vizinha do R/C esquerdo que não têm oportunidade de o fazer durante a semana, podem também eles ir praticar alguma actividade física em corridas e flexões para perderem os quilitos acumulados nos almoços de trabalho. Quando a respiração é ajudada pelas agulhas dos pinheiros, o efeito é redobrado.
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