quarta-feira, 28 de setembro de 2011

"Ó MAR SALGADO"... DE FERNANDO PESSOA

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(Imagem retirada da NET)



Ao longo da vida, cruzei mares e oceanos.

Senti o infinito do seu manto azul ou cinzento, com reflexos de espuma ou de prata, mais (ou menos) sereno.

Vi o Sol descer em bola de fogo, "enxameando" tudo em volta de vermelhos, laranjas, violetas e tantas outras cores e tons por definir.

Vi o negro absoluto do espaço envolvente, algumas vezes, quebrado por pontos cintilantes lá no cimo do céu.

Senti a sua fúria que nos lançava, quais paus de fósforos, dentro de navios que, de repente, se transformavam em frágeis cascas de noz.

Senti o sentimento de termos um mar só para nós.




A minha memória e o meu interesse apenas me permitiram decorar algumas estrofes dos Lusíadas, parte do poema de Augusto Gil "A balada da neve", e lembrar este poema que o meu pai me ensinou a declamar em jeito de "diseuse": 


(Foto tirada hoje)


                      
              "Ó mar salgado,
              quanto do teu sal
              São lágrimas de Portugal!
              Por te cruzarmos,
              Quantas mães choraram,
              Quantos filhos em vão rezaram,
              Quantas noivas ficaram por casar,
              Para que fosses nosso, ó MAR!"



Quando, nas minhas arrumações, encontrei aquele pequeno pedaço de papel cuidadosamente recortado onde o meu pai o escreveu. De novo, naveguei pelo Pacífico, Índico, Atlântico, Mediterrâneo e Mar das Caraíbas...


Nasci lá longe... tão longe!... Quem tornou tudo isto possível? Os nossos navegadores que "deram novos mundos ao Mundo", de que tive o privilégio de desfrutar em parte.


É assim que, este pequeno poema de Fernando Pessoa volta à minha memória e aos tempos de miúda, altura em que, para nós, tudo é possível. Tornando-nos capazes de navegar no mar do nosso passado enquanto o presente se constrói e, certamente, o futuro...






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