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“Temos tanto trabalho na escola, tantas reuniões, tanta coisa a acrescentar ao dia-a-dia da casa e ao pouco tempo para a família que, quando chegamos ao fim, não nos sobra tempo para mais nada. Por isso, quando apertamos bem, para ver que sumo sai do fruto do nosso corre-corre, caiem umas poucos gotas depois de um ano de correrias, aflições, angústias, “stress”..."
E será que é merecido tudo isto?!... Será que se justifica?!... Será que toda esta azáfama compensa? Quem?... Os nossos alunos? Talvez. A nossa consciência no desespero de tentar sentir o dever cumprido, à conta de noites sem dormir, de fins-de-semana de loucos embrulhados em papéis ( os normais e indispensáveis _ fichas, testes, ..., e, todos os outros...)
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Hoje, lembro-me de uma história que me contaram. Não sei se é verídica ou não. É a história de um velho professor e de um banco de jardim. Era um professor extremamente dedicado à sua profissão, ao seu Licéu, aos seus alunos, para além de extremamente competente. Atingiu a idade da reforma. Acabou por deixar de ter lugar no Licéu que também tinha sido seu durante tantas décadas. Criou o hábito de vir sentar-se num banco do jardim que havia frente ao seu grande e belo Licéu. Aí, podia relembrar os tempos de uma vida tão preenchida e de tanta entrega. Foi fazendo isso até ao fim dos seus dias. Com o tempo, deixou de ser o Professor X que revivia o seu tempo de docente, para passar a ser um velhote que se vinha sentar no mesmo banco do jardim sempre que o tempo o permitia..
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Conclusão: fazer sim, enquanto nos dá prazer. E, então, as nossas noites de insónia, os fins-de-semana “perdidos”, o “stress” dos calendários e tantas outras coisas valem a pena e trazem-nos a tal “medalha de cortiça” que flutua e vem ao encontro da nossa memória... A tal “medalha de cortiça” que nos toca quando uma mão nos roça o ombro e nos diz__ “S’tor(a), por aqui?... Lembra-se...? Eu já...” ; ou o colega que ainda manifesta simpatia por nós e nos diz: __” Um dia ainda havemos de ...” ; ou do funcionário que ainda se lembra do nosso nome às vezes até com o apelido!... A tal medalha da realização, do prazer, da superação das nossas capacidades... A medalha de sentir ter cumprido uma missão à nossa medida. Mas, lembrem-se, somos como o tal professor do banco do jardim. Um dia ficaremos à porta e, o reconhecimento do nosso trabalho ficará nas nossas memórias e talvez na de alguns daqueles com quem trabalhámos mais de perto mas que se virão sentar, também eles, no seu banco. Fazer sim, cumprir sim, mas deve haver outros bancos que nos esperem cá fora para além do da Escola.
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Falámos sobre isto. Lembras-te A.?!... Agora, que um novo ano começa, “loucuras” só quando não se puder fugir delas ou, então, se se transformarem nas tais “medalhas de cortiça” que ajudam a manter, a memória das coisas boas, à superfície..
1 comentário:
Pois é, tantos bancos que vamos deixando vazios contando que estarão sempre lá, à nossa espera!
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