quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A GOVERNANTA DE SALAZAR

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(Foto retirada da NET)


Cheguei ao fim do livro com uma sensação de desconforto e sentimentos ambíguos. Com base nos relatos de quem lhe foi próximo, foram-me dadas a conhecer as várias facetas daquele homem que, mais ou menos directamente, conduziu durante décadas os destinos da Nação.


Foi um homem de estado implacável nas suas decisões. Não permitia ser contrariado na política que defendia, não tolerava intromissões nas decisões que tomava e defendia uma ditadura em que a livre opinião podia ser uma opção arriscada. Era um homem que apesar das relações que manteve e de estar envolvido num pequeno bulício de gente que o rodeava, procurava manter-se a uma distância que lhe era confortável.

"Orgulhosamente sós"! Manteve as suas "quintas" aqui e além mar de forma austera, como austeros eram os tempos durante e depois da segunda grande guerra.

AUSTERIDADE... AUSTERIDADE... AUSTERIDADE... Também na vida privada era palavra de ordem. Austeridade pontualmente contrariada pela Dª Maria, a sua governanta.

Mas há a outra faceta... A do homem que, em Belém, ancorou o seu lar no qual as suas duas pupilas ocupavam um lugar muito especial. Elas lhe mereciam toda a atenção e carinho; constante cuidado com o seu bem estar; todo o tempo que era possível dedicar-lhes; e toda a complacência, apersar do rigor da Dª Maria.

Foi um homem amado e reconhecido por muitos, odiado e temido por outros. Um homem que se julgava no caminho certo alicerçado em princípios rígidos que procurou manter até ao fim dos seus dias. Dias estes marcados pela farsa montada de uma vida que não existia. Os amigos foram desaparecendo. Ficaram os poucos que se lhe mantiveram fiéis encabeçados por aquela que cedo lhe dedicou a vida __ a sua governanta.

Do livro transparece um homem austero na vida do dia-a-dia, desejoso do seu espaço íntimo em que se transformou o Palácio de Belém gerido por uma mulher também ela austera, também ela teimosa mas amiga até ao último suspiro.


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