"Lisboa menina e moça...", diz a canção. Mas só os olhos de um poeta a poderão ver assim. Menina, já não é certamente. Moça também não. É uma cidade madura e vaidosa que vai olhando para todo o reflexo que se lhe oferece.
Olha-se... E vê reflectida nas montras os sinais da passagem do tempo. Tempo que vai passando pela menina das sete colinas. No entanto, hoje, também são bem visíveis os restauros e melhorias que vão sendo feitos por aqui e por ali.
Na Rua do Alecrim vemos prédios que se harmonizam com as suas fachadas pintadas de cores alegres (vermelhos, amarelos, azuis...) e as que estão revestidas com azulejos, mais ou menos bonitos, mais ou menos elaborados, mais ou menos artísticos e que tornam tão típica e interessante esta rua toda ela calcetada e rasgada pelos sulcos dos carris dos eléctricos amarelos que lenta e graciosamente vão subindo e descendo aquela rua tão movimentada em horas de ponta.
Aqui e ali portas se abrem para interiores mais ou menos sombrios onde nos encontramos no meio de prateleiras e mesas apinhadas de livros de todo o tipo. Livros antigos para alegria de colecionadores; livros mais baratos para quem, nas livrarias, os acha demasiado caros. Compram-se e vendem-se. Não sei se se pesa como quando eu e o meu irmão eramos crianças. Por falar em crianças e adolescentes, ali estavam livros da nossa infância como a Anita, o Tintim ou Michel Vaillant. Por quanto tempo mais existirão estas lojas que cheiram a passado, será que vão resistir aos apelos do presente? Não sabemos, a tendência de hoje é o "usa e deita fora" __ " até que nem faz mal porque vão para reciclar...". Mas com a crise,quem sabe, possam disso beneficiar?
As galerias de arte estão em voga no Bairro Alto. Mas, e a galeria de arte Galveias entre outras? Será que está em remodelação ou fechou definitivamente?
Cafezinhos com um certo charme, "pizzarias" e restaurantes pequenos mas de bom gosto proliferam e reflectem-nos nas suas vitrinas cristalinas o movimento da rua, misturando-se com a geometria das janelas, a beleza dos varandins e o maior ou menor interesse das fachadas dianteiras, mais ou menos conservadas.
A simbiose entre roupas, peças de artesanato e decoração com as belas sacadas, portas e janelas, dá uma riqueza e uma amplitude da rua que nos permite apreciá-la através da imagem de uma Lisboa que se mira no seu reflexo e se vai tornando renovada, mais moderna e ao nível do Continente em que se encontra, a Europa.
(Fotografias tiradas em Julho de 2012)
Sem comentários:
Enviar um comentário