(Genocídio no Ruanda, 1994 - Foto da NET)
Passa da uma. Já todos dormem. O sono não vem. Carrego no botão. Sou apanhada por uma representação fantástica e um realismo arrepiante e assombroso. No final, compreendo a razão. Parte das filmagens foram feitas por repórteres da BBC em 1994. O "realismo" de muitas das cenas, era a própria realidade...
África __ cadinho de riquezas, tesouros, possibilidades, promessas. Destino de sonho, quantas vezes tornado pesadelo.
1994. Ruanda. Um dos países mais pobres de África e do Mundo. País onde a miséria, as divergências políticas e a corrupção fizeram vir a cima o ódio tribal. Negros... A mesma cor... Uns "Hutu" os outros "Tutsis".
Gente negra contra gente da mesma cor. Uns "Hutu", outros "Tutsis"...
Chacina brutal. Sentimentos animalescos à solta. As catanas, as macetas, tudo quanto ferisse e matasse foi usado para abater um nome : "Tutsi"!
A crueldade e o sofrimento eram tal que não me foi possível desviar a atenção. Até onde se consegue chegar!...E não se tratava de pura ficção.
Naquele Abril, o grau de violência chegou a um ponto tal que os soldados da ONU receberam ordens para retirarem do território, deixando os refugiados Tutsis à mercê dos seus carrascos que, por todo o lado gritavam, assobiavam e ululavam ameaçadores e desejosos de passar as ténues barreiras que os capacetes azuis lhes impunham pela força das armas.
Com é possível tanta frieza e insensibilidade generalizada?!...
Estava do lado de cá do ecrã. Senti-me num mundo à parte. Se não tivesse estado em África, diria: __" Onde estão as oportunidades, as riquezas e possibilidades de um dos Continentes mais promissores do Globo Terrestre? A verdade, é que, em muitos casos, só alguns sabem. Sem dúvida, há também áreas imensas terríveis, desérticas, desprovidas de água; desprovidas de tudo. o que não acontece em parte no Ruanda... Mas é possível que, o nome de uma etnia, justifique tamanha carnificina?
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Dei comigo a pensar: __"A Europa é velhinha, não tem riquezas naturais, não tem promessas, brechas há que se vão abrindo aqui e ali. Também já houve "etnias" como os "arianos" e os "judeus"; exterminações brutais, em massa, em nome da "purificação da raça"; ou em nome de regionalismos; ou na imposição de ditaduras; ou no combate a essas mesmas ditaduras... Atrocidades incontáveis e inconfessáveis. Mas, hoje, quando se mata usam-se bombas, armas de fogo... Parece terrível de se dizer!...
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Dei comigo a pensar: __"A Europa é velhinha, não tem riquezas naturais, não tem promessas, brechas há que se vão abrindo aqui e ali. Também já houve "etnias" como os "arianos" e os "judeus"; exterminações brutais, em massa, em nome da "purificação da raça"; ou em nome de regionalismos; ou na imposição de ditaduras; ou no combate a essas mesmas ditaduras... Atrocidades incontáveis e inconfessáveis. Mas, hoje, quando se mata usam-se bombas, armas de fogo... Parece terrível de se dizer!...
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(Foto retirada da NET)
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Ali, no Ruanda, no mês de Abril e no extremo do desespero, houve quem implorasse aos capacetes azuis que batiam em retirada, perante o olhar atento, agitado e de ódio de uma turba da etnia hutu que antecipava o momento de avançar para o outro lado da barreira:
__" Matem-nos com as vossas armas, por favor..."
__" Não!"
__" Por favor... Matem-nos"
__" Não!
__" Então, só as crianças, apenas elas... Matem-nas com as vossas armas que são de fogo."
__" Não! "
Assim que os camiões com os últimos brancos desapareceram no meio da poeira da estrada, os gritos, os assobios e o ulular dos Hutu intensificaram-se e avançaram as catanas, as macetas e os paus. Os Tutsis foram chacinados e esquartejados, e as crianças não foram mortas com as armas de fogo dos capacetes azuis...
(Estima-se que foram mortas cerca de um milhão de pessoas, a maior parte da etnia minotária "Tutsi". Muitas das mulheres que sobreviveram, foram violadas e os filhos que nasceram após os nove meses... chacinados).
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