Eram verdes; cúpulas redondas e terminadas em pontas afiladas; janelas abertas aos quatro pontos cardeais. Esperavam fregueses rotineiros e passantes curiosos ou apressados. Ofereciam as notícias da véspera, da madrugada, do próprio dia, do acontecimento ou do escândalo.
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Os jornais cuidadosamente enfileirados __ o "Diário de Notícias", o "Expresso"... e uma infinidade de revistas __ o último grito; a fofoca; as notícias de guerra, do descontentamento, da alegria e do "jet set" nacional e internacional...
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...E a "Maria", e a "Burda", e a "National Geographic"... Os maços de tabaco que ainda não procuravam assustar com o "O tabaco mata"... E os brinquedos para a pequenada... Os isqueiros "Bic" para os fumadores... As pastilhas elásticas...
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Ainda os há aí, por Lisboa ou até mesmo em Carcavelos. Alguns bem conservados. Mas "outros quiosques" de outro tipo apareceram. Já não vendem jornais , nem cromos para coleccionar... Já não são ponto de encontro dos vizinhos do bairro, com as notícias fresquinhas trazidas pelo Sr. Manel da barbearia; pela D.ª Glória do talho ou o Ricardinho da mercearia...
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... São bonitos, elegantes, verdes, com uma cúpula redonda e afilada na ponta. Podem estar à saída de um centro comercial... mas estão sós e acenam com uma das marcas dos séculos XX e XXI - a PUBLICIDADE. São um apelo aos desejos, às necessidades, às vaidades ou aos prazeres de cada transeúnte que passa. Procuram ir ao encontro do "se se usa também uso", "está fora do meu alcance, mas quem me impede de sonhar?!...". Só que não se conhece quem a lá pôs, não se conhece o verdadeiro intuito... Quantas vezes não passa despercebida na azáfama do dia de quem passa. Nem ninguém pergunta: __"Sabe da última...?!..."; __"A D.ª Josefina, já está melhorzinha?..."
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