sábado, 14 de fevereiro de 2009

NEVES E SOUSA "ANGOLANO POR FADO E CASTIGO"





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Desde pequena que oiço falar em Neves e Sousa. Em casa dos meus avós havia alguns quadros dele. Cubatas, indígenas das mais diversas etenias de Angola, faziam parte do meu imaginário...


Nunca tive a oportunidade ou curiosidade de procurar algo mais sobre ele. Até esta semana, em que soube da exposição, na Galeria Verney, de uma parte do espólio daquele pintor das gentes e paisagens angolanas.

A minha curiosidade foi acicatada... Passeei pela exposição e pela Net. Descobri, naquele espaço que me começa a ficar familiar, o seu cavalete, o seu banco e até o pote com os seus pincéis; os seus registos gráficos; fotografias do pintor nos mais diversos momentos da sua vida; livros; desenhos a carvão de grande beleza; esboços de traço rápido e preciso; um quadro a óleo (o seu último e inacabado quadro) e diversas aguarelas. Descobri um pintor de quem conhecia pouco mais do que o seu nome. Daí que me permita deixar aqui mais um ponto onde aquele "angolano por fado e castigo" possa vir a ser encontrado através das suas palavras e pinturas.




..."O meu caso de amor por Angola é quase tão velho como eu, pois bem jovem me levaram para lá."...


Mulher Mucubal

"...começou a doença da pintura, com tintas que a minha mãe tinha, e quando elas acabavam eu fabricava as minhas com terras e frutas bravas e os pincéis eram feitos com pêlo de bicho do mato, velhos cartuchos de metal que eu serrava e um caniço… O pêlo amarrado era seguro com pez e funcionava…"



Bessangana - Luanda

..."Comecei então a pintar com tintas boas e ao mesmo tempo a descobrir a praia, gente da minha idade, pessoas e coisas que não conhecia." ...


Mulher de Cabinda

..."Comecei a viver só, com 17 anos. Fiz a primeira exposição em Luanda."...


Viúva da Kissama

..."Era Angola a tomar a pouco e pouco conta de mim."...


…como não consegui viver em Angola vivia ela em mim, como coisa íntima e secreta e eu a mostro com o carinho de sempre a quem quer ou pode apreciá-la… por isso lhe chamo "Angola Minha Terra".

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ANGOLANO

"Ser angolano é meu fado e meu castigo

Branco eu sou e pois já não consigo

Mudar jamais de cor e condição.

Mas, será que tem cor o coração?

Ser africano não é questão de cor

É sentimento, vocação, talvez amor.

Não é questão, nem mesmo de bandeiras,

De língua, de costumes ou maneiras...

A questão é de dentro, é sentimento

E nas parecenças de outras terras,

Longe das disputas e das guerras

Encontro na distância esquecimento."

(Neves e Sousa, 1979, Bahia)



2 comentários:

Anónimo disse...

BONITOS QUADROS

BONITAS PALAVRAS

ESTEJA ONDE ESTIVER...

SÓ LHE PODE SER AGRADÁVEL! M.M.

Anónimo disse...

Passei por lá ontem, a correr.
Para a semana vou ver com mais calma