quarta-feira, 30 de setembro de 2009

"A ALMA DO MUNDO", DE SUSANA TAMARO

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(NET)
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Tenho por hábito levar comigo um livro, sempre que vou a algum lado onde seja previsível um tempo de espera __ quer seja numa sala de espera de um consultório, como numa estação de caminho-de-ferro, ...

Esperava na estação da Parede o combóio que ia para Cascais. Entretanto, continuava a ler “A Alma do Mundo”, da Susana Tamaro. É um livro que prende pela intensidade dramática com que está escrito. Cheguei ao ponto do romance em que a mãe se despede do filho. Ela sabe que vai morrer; ela sabe que tem um cancro; o filho pensava que se tratava apenas de um visita rotineira da mãe; ele não sabia que a mãe tinha pouco tempo de vida; ele não sabia que aquele era o último adeus... As lágrimas procuravam escapar-se teimosamente. Uma lágrima gorda ia-se formando ficando pendurada nas pestanas. Depois outra... É uma escrita que prende. E, eu, estava dentro do livro... da história... do drama narrado... Procurei desviar a atenção do que lia, quando uma espécie de soluço me queria ficar preso na garganta...

É, então, que alguém se aproxima. Era a mãe do P., o meu melhor aluno da minha Direcção de Turma. É uma pessoa afável e educada. Tocou-me no braço e perguntou-me delicadamente: __”Está bem?...”. Respondo, ao mesmo tempo, surpreendida e comprometida: __” Sim, obrigada!”. E, levanto ligeiramente o livro à laia de explicação
, tentando recompor-me. O combóio chegou passados alguns instantes. Despedimo-nos.

Conclusão: há locais onde não se devem ler certos livros...

Os livros são uns amigos cúmplices e silenciosos. Mas, por vezes, pregam-nos partidas.




sábado, 26 de setembro de 2009

O BONECO COM CABEÇA DE OVO

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2ª CLASSE - Era a exposição de trabalhos do final de ano...


Punha sempre muito empenho nos trabalhos que realizava para a escola, em particular naqueles que implicavam desenho, recortes, colagens...

Um desses trabalhos, que era para ser apresentado na exposição, era um boneco cujo corpo era feito com um tubo e a cabeça com uma casca de ovo esvaziada.

Deu muito trabalho vesti-lo, pintá-lo... mas o mais complicado foi conseguir uma cabeça. Fazer os dois furinhos, soprar a clara e a gema e conseguir a proeza de ter a casca inteira sem a deixar estalar. Ao fim de algumas tentativas conseguiu-se. E o boneco acabou por ficar pronto para a exposição.

No final da apresentação dos trabalhos havia que desmontar tudo. Também fui dar uma ajuda. Foi então que vi o meu boneco de cabeça de ovo meio decapitado e tristemente abandonado numa das latas de lixo. Escusado será dizer que fiquei desolada. Mas porquê que ficou registado?

Deve ser por isso que sempre tentei valorizar os trabalhos dos meus alunos, por mais fracos que pudessem ser.

Sim, não há dúvida de que os nossos “flashes” de infância nos devem marcar e ter repercussões no futuro...


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É DIA DE ELEIÇÕES - DIREITO, PRIVILÉGIO E DÚVIDA

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VOTAR... "Dever cívico". "Direito". "Privilégio da Democracia". Responsabilidade na vontade colectiva e no querer de todos nós.

VOTAR... É tão bom quando se têm certezas. Quando não há que enganar. Quando é aquilo e aquilo mesmo que nós queremos. Aquilo em que acreditamos e aqueles a quem confiamos que dirijam parte dos destinos do nosso país, do nosso futuro e dos que virão.

VOTAR... É um vazio quando a nossa crença balança. Vamos lá... Caneta indecisa na mão, marcamos uma cruz, ou nenhuma, ou... Dobramos a folha, metemo-la na urna. Recebemos de volta o nosso pequeno cartão de eleitor. Saímos da Assembleia de Voto... Para muitos a dúvida persiste. __ Será que fizemos bem? Era mesmo isto? A vontade de participar até pode ser grande, mas as dúvidas também o são. E, agora?

Agora, é só esperar pela noite. Esperar os resultados. O nosso voto é tão pequeno que não chega a ser gota. Mas, está lá, metido entre aquele número imenso das gotas que são aqueles papéis de voto dobrados, ainda que este seja nulo, ou , mesmo, se tenha optado pela abstenção... Depois logo se vê!... Fica um tiquinho de esperança de que as coisas melhorem.

Mas resta uma certeza __ Sem dúvida, hoje, estamos em Democracia. Por isso, esperamos de que as nossas gotas, por tímidas que sejam, se possam adicionar a um oceano de esperança e de espera sempre renovada...
Por grande que possa ser o desencanto.

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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

HÁ TRADIÇÕES E TRADIÇÕES...

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Ao longo de toda a história da Humanidade e mesmo actualmente, de vários continentes, nos chegam relatos de ritos de iniciação de entrada de jovens na idade adulta que roçam a brutalidade e são um atentado à dignidade humana.


Isto passa-se na Europa. Num continente de povos ditos civilizados. Mais concretamente, numa ilha da Dinamarca. Local onde é suposto que, os jovens, para se tornarem verdadeiros homens, participem num ritual de sangue, de sofrimento e crueldade tão extrema que parece impensável que tal possa ser verdade.






É num mar de sangue e agonia em que, os mamíferos aquáticos mais inteligentes da Terra, seres amistosos e brincalhões por natureza, símbolo de alegria, paz e liberdade, são sacrificados em nome de uma tradição perfeitamente desumana e de crueldade requintada.






Na Ilha de Ferol, na Dinamarca, o sacrifício dos golfinhos Calderon até à morte, é um espectáculo presenciado por centenas de pessoas, aparentemente insensíveis ao sofrimento atroz dos animais.






Os golfinhos são animais simpáticos e confiantes que interagem com o Homem e se aproximam num gesto de amizade. Só que, aqui, essa interacção, é-lhes fatal.




Depois de encurralados, os animais, são cortados uma ou duas vezes por ganchos grossos que lhes fazem rasgões profundos na carne.





Ao serem rasgados, os cetáceos indefesos, produzem um som estridente parecido com o choro de um recém-nascido. São, então, deixados a sangrar lentamente, enquanto sofrem com as feridas abertas até perderem a consciência e morrerem.





Depois das suas vítimas morrerem mergulhados no seu próprio sangue... Então, sim!... Então, temos os heróis desta façanha __ os jovens, finalmente, se transformaram em valorosos e determinados adultos!...






Forma triste de entrar na idade adulta.!...





Como é possível ficar-se impassível, sem que alguém ponha cobro a tal morticínio? Devia haver associações de defesa dos animais ou outros organismos que pudessem intervir.




(Adaptação de um E-mail que me foi enviado)

Mas, se calhar, é difícil intervir...

E não é que nós, cá na nossa terra, também temos as touradas?!...

(Montagem de fotografias da NET)


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terça-feira, 22 de setembro de 2009

CASA DAS HISTÓRIAS PAULA REGO EM CASCAIS (PORTUGAL)

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O último dia de Verão aproxima-se. Está uma tarde fabulosa, embora o fresquinho do Outono já se comece a anunciar.





Rumámos àquela casa onde se contam histórias. Histórias possíveis num mundo de fantasia, por vezes até mesmo algo erótico ou mórbido, que retratam situações imaginárias e de vidas reais muitas vezes pouco felizes. São, frequentemente, retratos de sofrimento e angústias, de ansiedade, desolação, solidão e medo. É a Casa das Histórias Paula Rego.





Paula Rego... para mim, ela própria é uma personagem algo estranha, tal como muitas daquelas personagens que saiem dos seus lápis, colagens, pastéis ou tintas. Algo confusa, como a composição dos seus quadros. Uma imaginação profusa, perturbadora e acusatória de situações melindrosas se não mesmo inconfessáveis. A mulher, sempre a mulher... E mais a mulher, o cão, o coelho, o macaco... O aborto... A espera, a sensualidade e a revolta.



(Montagem a partir de imagens da NET)
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Perturbar... Será esse o seu objectivo?!... Mexer com os sentidos, os sentimentos e as consciências?... O culto do feio e do inquietante?!...


(Montagem a partir de imagens da NET)
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Sem dúvida de que consegue transmitir nos seus trabalhos a angústia de uma existência inquieta, medos e traumas de infância, bem como um incómodo difícil de definir.


(Montagem a partir de imagens da NET)


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Gostámos?!...

Gostei da forma de pintar em geral, da pincelada, do traço. E gostei, especialmente, da aplicação do pastel em vários dos seus quadros, independentemente da composição dos mesmos, sobretudo a nível estético.

Detestei as colagens apresentadas, bem como os trabalhos iniciais da exposição.

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"Anjo Guardião e Vingador" (NET)

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Na representação mais figurativa reconheci a perícia do desenho, uma criatividade fantástica, diversificada e estranha, para além da transmissão de sentimentos fortes e gritantes suspensos no ar e em confronto com o observador, que causam um certo desconforto.
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"Engoliu a maçã envenenada" ( a Branca de Neve ) (NET)


Vale a pena visitar?

Pelo menos não se fica indiferente.
Não sou de todo entendida em pintura. Paula Rego, é considerada um expoente da pintura contemporânea. Ainda assim, atrevo-me a comentar. Apenas faço aquilo que faz o comum das pessoas. Gosto ou não gosto. Sinto ou não sinto... O que, neste caso, é ambíguo.
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Mas, quem é a avó Paula Rego?...
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Da sua neta Lola Willing: __"É uma avó fantástica, muito companheira, um pouco louca, mas eu adoro-a. Gosto muito da sua pintura e entendo perfeitamente porque é que o seu trabalho é adorado em todo o mundo".
(em entrevista à revista CARAS de 26 de Setembro)
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"A Casa das Histórias Paula Rego, que a artista almeja que venha a ser um espaço “divertido, despretensioso, vivo, cheio de alegria e de muitas maldades”, apresenta como missão o conhecimento e a fruição da obra de Paula Rego e das suas ligações artísticas."
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(Retirado da NET - em anúncio da inauguração)
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Tenho que lá voltar!...
E procurar ver com outros olhos. Ou, os mesmos, quem sabe?
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domingo, 20 de setembro de 2009

SANTA MARIA - UMA PÉROLA EM CASCAIS - PORTUGAL

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Ruelas pequenas, apertadas, inclinadas... Os estilos e os não estilos... As casas extremamente modestas e as casas ricas, imponentes... As casas degradadas e as casas preservadas, arranjadas e alindadas... Toda esta amálgama de construções dos séculos XIX, XX e XXI, convive neste espaço que é Cascais. Tornando o deambular por ela uma descoberta constante....




Dá-se a curva, desce-se um pouco e vai-nos aparecendo esta pérola dos inícios do século XX (1916). É o número 16, a casa de Santa Maria.
As portas, as janelas, o sino, o torreão, o jogo dos volumes, dos telhadinhos e dos azulejos, tornam esta construção diferente e interessante.













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(Fotografias tiradas em Setembro de 2009)



domingo, 13 de setembro de 2009

PORTUGAL - BOCA DO INFERNO, FEITIÇO DE VINGANÇA

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Boca do Inferno, escarpas profundas, escavadas na rocha que se ligam ao mar por uma boca que deixa entrar as ondas mais atrevidas em manso escorrer da água ou em catadupa furiosa quando o mar está bravo. Local que atrai quem lá vai espreitar e também quem estava desiludido com a vida e ali resolveu pôr-lhe termo. Quem sabe por desgosto de amor?!...
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Local com alguma magia cuja origem nem sempre foi fácil de explicar. E é assim que surge uma lenda de paixão, ciúme e vingança...
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(NET)

Conta a lenda que, há muito tempo atrás, existia, num local hoje chamado Cascais, um castelo onde vivia um terrível feiticeiro.
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Um dia, ele decidiu casar-se e escolheu para noiva a mais bela mulher das redondezas através da sua lâmina de cristal de rocha. Quando a trouxeram até si, ficou impressionado porque ela era ainda mais bela do que parecia. Cheio de ciúme, e com medo de a perder, decidiu fechá-la numa torre alta, escolhendo para seu guardião o seu cavaleiro mais fiel.


(NET)

Este, cheio de curiosidade, decidiu um dia subir até à torre para ver que prisioneiro era aquele que guardava há tanto tempo . Quando abriu a porta, ficou fascinado com tamanha formosura. Foi aí que começou a visitar a jovem, nascendo dali um grande amor. Decidiram, então, fugir juntos e montados num cavalo branco cavalgaram pelos rochedos junto ao mar. Só que se esqueceram de que, a magia do feiticeiro, lhe permitia ver tudo!...


(NET)

Assim, cheio de raiva, criou uma tal tempestade que fez com que os rochedos por onde os namorados caminhavam se abrissem como uma enorme boca infernal que os engoliu para sempre. O buraco nunca mais fechou e começou a chamar-se, popularmente, a Boca do Inferno.

( texto adaptado da NET )


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PORTUGAL - BOCA DO INFERNO, ACIDENTE GEOLÓGICO

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"Boca do Inferno". O nome é sugestivo. De facto, no Inverno ou em dias de mar agitado, com ondas alterosas, pode tornar-se um local magnífico, mas assustador.


(NET)

Toda a falésia desta zona a norte de Cascais é composta por rocha de natureza calcária, cuja erosão, causada pelas águas das chuvas contendo dióxido de carbono dissolvido, é bastante acentuada. Daí que haja inúmeras cavidades e grutas no seu interior e ao longo da costa.





Talvez tenha sido o abatimento do tecto de uma dessas grutas que, aqui, tivesse existido que originou esta gigantesca caldeira, ligada ao mar por um arco através do qual as ondas forçam a sua passagem.






(NET)
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O mar, com embates violentos, pode elevar-se numa espuma branca por dezenas de metros, continuando a desgastar a rocha milenar e aumentando o rendilhado desta costa tão característica e tão bela que tem, na Boca do Inferno, um dos seus expoentes máximos...



Mas não é o único local interessante. Haja em vista este magnífico "rasgão" nesta parte da falésia.




quinta-feira, 10 de setembro de 2009

SER PROFESSOR

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Obrigada a quem é professor!

Nem sempre os bons professores fazem os bons alunos. E, em muitos aspectos, talvez eu seja exemplo disso... E se tive alguns bons professores!...Todos eles me deixaram o testemunho do prazer de ensinar que ainda hoje recordo e sinto.

Como todos os professores dedicados, senti que eles, em particular, me deixaram algo que contribuiu para a minha verdadeira riqueza que é esta caixinha a que se chama memória do passado com repercussões no presente e talvez no futuro.

Nesta altura do ano, fala-se em professores, alunos e escolas. Nem sempre o saldo é positivo. Mas, se alguma coisa deixámos ou deixarmos, agora nós, então é porque já valeu e continua a valer a pena esta vida de professor!...


BOM ANO E BONS MOMENTOS!...

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MIMOS DAS RUAS E RUELAS DE CASCAIS - PORTUGAL

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Pequenos varandins...


As trepadeiras...

As cantarias de janelas e portas...

As construções de pedra...


Os nichos com as suas estatuetas...


Os azulejos e o ferro forjado...


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Todo um conjunto de pequenos pormenores nestas construções do século passado que constituem uma surpresa ao virar de cada esquina quando se percorrem ruas e ruelas desta vila costeira que foi e é um dos miminhos dos arredores de Lisboa...