domingo, 23 de outubro de 2011

DUAS CHÁVENAS DE CAFÉ - O QUE NOS PODEM CONTAR

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(Imagem retirada da NET)


O eco dos tacões altos que se fazem ouvir rápidos mas cadenciados naqueles corredores ladeados de bonitas lojas onde se expõem roupas, acessórios e sapatos do último grito. Lojas em que se anunciam descontos de 25%, 50%... Corredores onde a certas horas, e há bem pouco tempo, rodopiava muita gente mais, ou menos, apressada olhando para as montras com maior, ou menor, interesse.


Hoje, as pequenas "esplanadas" que salpicam os corredores largos do Centro Comercial estão praticamente vazias. Consigo ouvir o eco dos saltos altos que seguem lestos no seu caminhar determinado.


Vou sozinha, também eu com destino bem definido, mas a minha pressa não era tanta, dava para me permitir olhar em volta e deparar-me com aquelas duas chávenas de café deixadas em cima da pequena mesa a par de todas as outras mesas também elas vazias de gente.


Ninguém se sentava, então, naquele espaço. Porém, ao passar junto à pequena mesa, o aroma de café ainda se fazia sentir e um dos pacotes de açúcar jazia amachucado ao lado do pires.




(Foto tirada em Novembro no Cascais Shopping)


Duas chávenas de café...

Há sempre quem arranje uns momentos para um café. Colegas num intervalo de trabalho? Amigos que marcaram ali um ponto de encontro? Namorados que aproveitaram uma pausa para descançar e, quem sabe, trocar alguns mimos ou reconciliar-se? Um casal destinando as compras ainda por fazer ou saboreando a companhia um do outro por uns instantes?...


Duas chávenas de café... Duas chávenas de café deixadas em cima da mesa numa esplanada vazia... Testemunho de um momento partilhado numa chavena daquele líquido negro, que espalha em volta um aroma irresistível e liberta o fumo que acompanha a mão que envolve o seu calor.


Duas chávenas de café... Que havia no gesto de quem engoliu o negro de uma África ou América do Sul? Que diria o seu olhar? Que cumplicidade? Alegria de reencontro? A coversa há muito adiada? O prazer de se estar junto ou o simples "acto mecânico" de ir beber a "bica" e despertar os sentidos?




Duas chávenas de café, mesmo em tempo de crise...




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