quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

AMAZÓNIA - "RIO NEGRO E O BOTO"

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(Imagem retirada da NET - o boto)
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Há muito que o ruído abafado e longínquo das moto-serras se tinha calado; o barulho dos animais também. Um ou outro grito de um animal nocturno. Tínhamos jantado cedo como de costume. As luzes estavam apagadas. Estávamos sentados nas poucas cadeiras que havia ou no chão do “deck”. Éramos um grupo pequeno. O silêncio pesava. Nada bulia.

Era noite de lua cheia. Lua que se reflectia nas águas calmas do rio e deixava ver os vultos negros e fantasmagóricos das copas das árvores.

Estávamos isolados de tudo e de todos. A civilização ficava a Kms. O barco estava amarrado aos ramos da copa de uma árvore, não fosse vir uma tempestade repentina que o arrastasse. Essas súbitas enxurradas eram frequentes naquela altura do ano e nós já tínhamos presenciado isso.

Estávamos no Rio Negro, bem longe de Manaus, no meio da Amazónia e da copa das árvores, pois era a esse nível que se encontrava o rio naquela estação do ano.

Depois de, por um bom bocado, termos saboreado todo aquele silêncio e isolamento, o nosso “comandante” começou a falar. Era um fantástico contador de histórias e lendas da região. Os nossos ouvidos não se cansavam de o ouvir, até que falou no Boto. Um golfinho de rio cor-de-rosa que, diz a lenda, em noites de luar, se transforma em homem, sai do rio e seduz as donzelas.

Aquela era uma noite de lua cheia, que deixava uma esteira de luz ao longo do rio. O Boto não apareceu. Mas, fomo-nos deitar com uma estranha sensação de prazer que nunca tínhamos experimentado.

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1 comentário:

Alexandre Rodrigues disse...

como pode né , vira na verade um paradoxo enegmatico.. porque a destruição da existencia?