terça-feira, 30 de junho de 2009

16... - NÚMERO MÁGICO - MOTIVO DE ORGULHO...

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24 de Junho fez 881 anos que, aos 16 anos, no Condado Portucalense  o nosso primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, venceu sua mãe, Dª Teresa de Leão, na Batalha de S. Mamede (24/6/1128). O desejo crescente de alcançar a independência do Condado em relação ao Reino de Leão e Castela foi uma das bases da fundação do nosso país, o que deveria ser motivo de orgulho para todos nós Portugueses.


Sem dúvida, para um jovem de 16 anos, um feito destes, ainda que fosse contra os interesses da própria mãe, exige muita coragem e determinação. Mas, para mim, D. Afonso Henriques não passa de um vulto da nossa História que terá sido um dos responsáveis pelo país em que vivo. Não o conheci. Não lhe conheci as motivações. Para confirmar alguns dos dados, tive que recorrer à NET.


Não. Não precisamos de ir tantos séculos atrás, para encontrar outros 16 anos mágicos e dignos de orgulho. Basta-nos recuar ao século XX. Não necessitamos de personagens históricas. Basta-nos conhecer gente comum que teve 16 anos.

16 anos. Classe média. Angola em África é o destino de sonho, o gosto de aventura, a vontade de vencer. Os pais estão desolados e a mãe chorosa.
__” Agradeço-vos, meus pais, por me darem tudo de que preciso. Tudo o que por mim fizestes ao darem-me as ferramentas de que necessito. Ensinaram-me a ler, a escrever e a contar. Agora, deixem-me ir. Quero ir para Angola. Sou homem suficiente, para construir a minha vida.” E a
ssim foi. Aos 90 anos ainda ia ao escritório da firma. Aos 90 anos ainda voava para a sua Angola. Aos 90 anos, apesar das voltas que o Mundo dá, tinha as suas três Marias junto de si e suavemente se apagou com a lucidez de quem soube sempre o que quis. Só lamentava por afinal “ter deixado tão pouco”. Esquecendo-se de que deixou o principal __ o seu exemplo de vida.

Tinha 16 anos de vida difícil. O pai pastor. A mãe utilizava ervas do campo para dar sabor ao caldo que fazia com o pão que conseguia arranjar para matar a fome aos filhos, caso não houvesse mais nada. Andavam descalços. Dormiam numa casa com uma só divisão que partilhavam com a borreguinha e a cadela, mais a burrinha, que era as pernas do pai quando ia para o campo. A casa tinha telhado feito de caniços. 16 anos... Era a altura de partir para a Capital. À escola já não foi. Tem uma casa em que as vigas vão ser agora de betão. Uma filha Dr.ª e o filho a caminho de Eng.º. Trouxe uma mala de cartão para a Capital e vontade de aprender a escola que não teve... E de viver todos os possíveis momentos que a vida lhe tem vindo a proporcionar.

Aos 16 anos deixou a casa da mãe, mulher viúva com 5 filhos para criar. Moçambique, no sangue. Tempo de retorno. Loira, alta, esbelta, frontal e perspicaz. Não recusa o confronto. Lisboa é espaço pequeno, não chega... A América é então o sonho __ “The American Dream”. Os estudos ficaram. Houve que aprender uma arte. Hoje, apesar dos baldões que a vida lhe tem dado, permanece de pé. É a vez do filho partir. Menino ainda com 16 anos.

Aos 16 anos, teve que mudar de Liceu. No mesmo ano em que recebia o Prémio Maria Vitória, atribuído ao melhor aluno do ano em Portugal, o Reitor chamou-o ao seu gabinete. Não o conhecia pessoalmente. Comunicou-lhe a ordem que recebera. Teria que ser transferido para outro Liceu do Porto.
__” Mas, Senhor Reitor, nesta altura do ano não pode ser. Estamos a menos de um mês do final do ano. Não me aceitam a transferência."
__” Não te preocupes com isso. Eu trato do assunto. E boa sorte, rapaz!...”
Aos 16 anos era incómodo. Tal como muitos outros jovens, na altura, fazia umas “asneiritas”. Tinha 16 anos, ainda não tinha idade para ir preso ou deportado... Sim, porque pensar, às vezes, pode ser incómodo.

É por isso que digo que, para mim, o 16, deve ser um número mágico... Quem dera a força, as certezas e a seiva dos 16. Que o diga um homem que um dia se intitulou a si próprio de “Zé Ninguém” como pseudónimo dos versos que escreveu. Também ele partiu para Angola aos 16 anos onde viveu uma vida cheia, de luta, de trabalho e de conquista...

Quantos “Zé Ninguém” não temos nós neste país que foi fundado por um jovem de 16 anos, o primeiro Rei de Portugal,  D. Afonso Henriques.

Será que, 16, é mesmo um número mágico?!...

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1 comentário:

Anónimo disse...

BEM.

NÃO VEJO NADA CONTRA.

M.M.