segunda-feira, 22 de junho de 2009

DE COMBÓIO A VER O TEJO... QUE DESTINO?...

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HOJE, a esta hora, o meu filho faz exame de Matemática do Curso que desde pequeno quer. Isto, faz-me lembrar um dos meus "MOMENTOS" que, escrevi, faz quase um ano.



"DE COMBÓIO A VER O TEJO - QUE DESTINO?"


Faltam poucos minutos para as dez. Ele vem de Santo Amaro. Aproxima-se, reduzindo gradualmente a velocidade da sua marcha, até que fica imobilizado na gare, na linha do meio. Sai toda a gente.

Está uma manhã de Verão esplendorosa. Nos pés, trazem-se calçados sandálias, chinelas ou ténis. Vêem-se, inúmeros vestidos de algodão com alcinhas que deixam os ombros nus, “corsários” que mostram as pernas bronzeadas. Óculos de sol a proteger os olhos ou a prender os cabelos no cima da cabeça.

Entramos para a carruagem mais próxima. Àquela hora, não faltam lugares sentados... Nem jornais!... Os jornais ficaram da manhã, deixados pelos seus “legítimos” e madrugadores donos que começaram o seu dia mais cedo numa viagem de combóio. Ainda falta algum tempo para o combóio partir. Algumas pessoas procuram, entre os jornais deixados em cima dos assentos ou nas bagageiras por cima dos bancos, os que mais lhes interessam. Passando a ser eles, agora, os seus novos proprietários temporários.

O combóio arranca. Vai parando em todas as estações. Já em Santo Amaro, conseguimos vislumbrar o rio. Depois, só passado Paço d’Arcos, o voltamos a ver, sem mais o perder de vista até Algés.

Ele vai sentado ao meu lado e absorto na paisagem que vai desfilando perante os nossos olhos. Vai direito, com o cabelo castanho cortado bastante curto, a barba bem feita, vestindo uma T-shirt laranja que lhe faz realçar o tom bronzeado da pele.

Trinta e muitos anos atrás era eu quem fazia aquele mesmo percurso. Nessa altura ia sozinha muitas vezes. Mas o destino esse era o mesmo. Ia para Lisboa, para a Faculdade. E, por vezes pensava sobre o futuro, punham-se perguntas como: __”Será que algum dia irei casar?”; __” Como será o futuro?”; __”Virei a ter filhos?!...”

A resposta, estava ali ao meu lado. Agora, era a vez dele. Aquele era o meu filho. Ia fazer com ele a sua candidatura à Universidade.

Os anos passaram. Muitos anos a ver o Rio Tejo que espreitava através da janela de um qualquer combóio que saía de Oeiras para Lisboa. Rio Tejo que ora era prateado e luminoso, ora cor de chumbo e soturno, fazendo realçar a bonita marginal.

Hoje, a nossa viagem continua... com algumas certezas mais para mim... e, possivelmente, com outras perguntas para ele. Sim, agora é a vez dele seguir para Lisboa.

Que as belas Tágides, ninfas do Tejo, o possam inspirar e acompanhar num percurso que desejo firme e sem grandes sobressaltos. Que, daqui a alguns anos mais também ele possa ter algumas respostas tão positivas como algumas das que eu acabei por ter.
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(Imagens retiradas da NET)




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